março 11, 2009

Espírito de governo

Posted in Literatura às 11:35 pm por espacointuicao

O trecho abaixo, Marcel Proust ilustra muito bem a visão de Estado para a Elite.

Mas, no tocante ao Sr. Norpois, acontecia principalmente que, numa longa prática da diplomacia, se imbuíra desse espírito negativo, rotineiro, conservador, chamado “espírito de governo”, e que é, com efeito, o de todos os governos e, em particular, sob todos os governos, o espírito das chancelarias. Adquirira na careira diplomática a aversão, o temor e o desprezo desses processos mais ou menos revolucionários, e pelo menos incorretos, que são os processos das oposições.

Marcel Proust(1871-1922)
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Referências:
PROUST, Marcel. À sombra das raparigas em flor. trad. Mário Quintana. Coleção: “Grandes Romancistas”. São Paulo: Abril Cultural, 1984. p. 14.

(*) Imagem disponível em: http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/imagens/imagem1-11.jpg

novembro 19, 2008

No caminho de Swann

Posted in Literatura, Meus textos às 12:08 am por espacointuicao

Joandre Oliveira Melo

Recentemente uma grande amiga apresentou-me a obra de um grande escritor francês: Marcel Proust. Confesso que, nas primeiras páginas – obra que discutirei um pouco mais adiante – senti-me entediado, quase pensei que não terminaria a leitura. No entanto, após o primeiro capítulo fui sendo envolvido pela forma como o autor, detalhadamente, analisava o caráter de cada personagem, o sentimento despertado a cada situação – de um visão de uma torre em riste que reluzia os últimos raios de sol de uma tarde de verão ao prazer com os afagos de sua mãe. Seus longos e meticulosos parágrafos impediam-me de interromper o pensamento e a minha mente tornava-se um palco por onde moviam-se personagens, quase vivos, com seus espíritos completamente à mostra.

No caminho de Swann é uma obra espetacular. Para todos que tiverem, como eu tive, a sorte de ler este livro; desejo que as palavras e a visão, idealizada e extremamente profunda, do autor sobre a natureza humana possa transmitir-lhes a beleza da poesia, a astúcia da razão e a alegria da leitura.

Abaixo, transcrevo uma parte do texto onde Proust divaga sobre os processos desencadeadores dos sentimentos da leitura; No entanto, esse texto té muito parecido com a tese fenomenologica utilizando-se do processo de intuição, tal qual, Bergson (1859-1941) utiliza.

Quando via um objeto exterior, a consciência de que o estava vendo permanecia entre mim e ele, debruava-o de uma tênue orla espiritual que me impedia de jamais tocar diretamente a sua matéria; esta como se volatilizava antes que eu estabelecesse contato com ela, da mesma forma que um corpo incandescente, ao aproximar-se de um objeto molhado não toca a sua umidade, porque se faz sempre preceder de uma zona de evaporação. (p.54)

(*) Capa do livro: “No caminho de Swann”
(*) Foto de Marcel Proust(1871-1922).
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Referências:
PROUST, Marcel. No caminho de Swann. Trad. Mário Quintana. São Paulo: Abril Cultural, 1982.